Falar de monoteísmo
no Egipto antigo pode parecer á primeira vista algo muito erróneo para se
fazer, no entanto a história do antigo Egipto não é assim tão linear quanto
parece.
Estávamos no
ano de 1353/1351 AC quando Amenófis III morreu deixando instalado no Egipto
uma desordem politica a nível internacional, contudo a cidade de Tebas
continuava a ser uma capital rica e com um clero bastante poderoso tendo por
base o deus tebano Amon.
Akhenaton ("o servidor de Aton") |
O filho de
Amenófis III sobe ao poder com o nome de Aménofis IV (significando Amon esta satisfeito),
este será o faraó que irá criar o pensamento monoteísta.
Aménofis IV
começa ao longo do seu reinado a introduzir de uma forma cada vez mais radical
um pensamento que provavelmente já estaria a ser introduzido no reinado de seu
pai, sob a influencia de sua mãe a rainha Tiyi, este pensamento centra-se na
elevação do deus Aton a deus único, criador de toda a vida todo-poderoso,…. Aton
que até á época simbolizava apenas o disco solar passa agora a estar no topo do
panteão egípcio como o único Deus.
O objetivo
de Aménofis seria o de tornar o divino acessível a todas as pessoas, uma vez que
o faraó acreditava na igualdade de todos os seres vivos.
O que
aconteceu foi que encontrou, como seria de esperar, uma forte pressão e
oposição do clero de Amon que até aquela altura era o cento religioso do Egipto.
É com esta hostilidade que o faraó reafirma a sua posição rejeitando os outros
deuses e também mudando o seu nome para Akhenaton ("o servidor de
Aton").
Akhenaton
tinha como esposa a famosa rainha Nefertiti, com a qual se mudou para a recém
criada cidade de Amarna. Nesta cidade consagrada a Aton, o faraó ergue um
templo no seu centro totalmente aberto á luz solar. a nova cidade de Amarna
tinha também um palácio oficial, um palácio de recreio, edifícios administrativos,
bairros habitacionais e oficinas de vários artistas da época.
Com toda
esta revolta em torno da sociedade e da religião egípcia a arte teve também uma
transformação profunda sendo que neste período tem o nome de arte amarniana.
Na arte amarniana
tem lugar o natural e a representação de tudo aquilo que era intimo de uma
forma mais natural, como por exemplo a representação de Akhenaton e Nefertiti a
beber e comer durante um banquete ou então a representação do faraó de uma
forma caricatural uma vez que este aparece varias vezes de uma forma
"assexuada", apresentando rosto longo, lábios grossos, ancas
alongadas,…. Esta forma revolucionária de representação do faraó tinha também
origem religiosa uma vez que o faraó é a manifestação divina na terra e agora o
deus Aton, é um deus uno, ele passa a representar tanto o masculino como o feminino.
Após a morte
do faraó, a cidade de Amarna e a reforma religiosa fracassou como seria de
esperar devido á oposição do poderoso clero de Tebas que defendia o panteão egípcio na
sua totalidade, no entanto o que este faraó deixou á humanidade foi o
pensamento na existência de um só Deus, conceção religiosa que viria a renascer
e a perdurar durante milhares de anos.
Para
terminar deixo apenas algumas comparações entre o hino ao deus Aton que
Akhenaton escreveu com o propósito de converter o Egipto ao monoteísmo e o Salmo
104 da Bíblia cristã, que parece ter origem no Hino escrito pelo faraó:
Excertos do
Hino a Aton:
Excertos do Salmo 104:
Aton do dia,
grande majestade
Senhor....estas revestido de esplendor e majestade
Todos têm
comida
Fazes germinar ervas...para que da terra possa tirar o teu alimento
Eles estão
escondidos do
rosto
Se deles escondes o rosto...
Oh único
Deus, como tu não há outro! Senhor, como são grandes as tuas
obras!
Senhor de
todas as
Terras...
A Terra está cheia de tuas criaturas!
Muito bom! Gostei da forma sucinta que escreveste...simples e objetivo! Não sabia sobre a semelhança dos Salmos e a oração do Farao! Muito interessante! Parabéns!( Jundiaí- São Paulo - Brasil)
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